O Vestígio da Subversão Feminina: O Grotesco na Cena do Kaus
Foto: Cuca Nakasone Nos palcos da tradição canônica, a mulher, enquanto personagem e atriz, costuma ser confinada a um papel ornamental: bela, dócil, destinada ao olhar masculino. As Três Velhas , montagem da Cia Teatro Kaus a partir do texto de Alejandro Jodorowsky, rasga essa moldura. Aqui, a mulher não está para ser vista sob a luz da delicadeza; está para ser olhada em sua inteireza. O visagismo ousado, o figurino que recusa padrões e a fisicalidade das atrizes Amália Pereira, Tânia Granussi e Vera Monteiro compõem uma estética que desloca a expectativa do “ser mulher” no palco, desestabilizando o olhar habituado a enquadrá-las. O espetáculo mergulha no grotesco sem hesitar enquanto as três personagens se desenvolvem em igual medida, sem protagonismos, e a narrativa se sustenta nesse jogo de intensidades. A casa decadente onde vivem torna-se palco de memórias distorcidas, jogos cruéis e lembranças que misturam juventude e decrepitude. Nesse espaço-limite, o riso e o horror ...
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