A Cor Amarela - Sobre a peça Todas as Coisas Maravilhosas do Mundo

Foto: Divulgação


    Somos conduzidas através da alegria e da felicidade, como tema e escolhas cênicas, por Kiko Mascarenhas durante mais ou menos uma hora em um jogo cênico entre ator e público. Um olhar mais desatento diria que a peça é sobre suicídio. Penso que não é. É sobre todas as coisas maravilhosas do mundo.

    Não só pelo nome como é intitulada a peça ou pela lista que nos é apresentada. Mas porque nos faz pensar em todas as coisas maravilhosas do mundo para cada uma de nós. É sobre memória e ficção. Sobre como o teatro se dá pela experiência, pelo convívio. E sobre cada detalhe que vai te fazer rir ou chorar.

    A pessoa ao meu lado, por exemplo, emocionou-se muito quando Chicote, o cachorro do protagonista, morreu. Outra, não se concentrou bem na peça porque se preocupou em “dar sua fala” quando o ator chamasse seu número. O homem atrás de mim se preocupou tanto em explicar a peça para a mulher que o acompanhava (embora ela não pedisse explicações…) e, por não parar de falar, não deve ter entendido nada…  Para mim, além da beleza na simplicidade estética marcada pela atuação carismática e consistente de Kiko, ficaram no pensamento os motivos que levam uma mulher a cometer suicídio.

    A mãe do personagem tenta suicídio em alguns momentos da sua vida, o que o leva a escrever uma lista de coisas maravilhosas, na tentativa de dar motivos alegres para ela querer continuar vivendo. Em cena, o motivo que nos chega e justifica a dramaturgia  é a falta de alegria, falta de vontade de viver. O acontecimento nos revela que a maternidade não é o objetivo, o alcance final, a completude do amor e felicidade na vida de uma pessoa.  Na plateia, dentro de mim, reverberam vários outros. 

     Entremeado a esse enredo, pensei em uma lista de motivos que levam mulheres à depressão, isolamento, automutilação e consequente suicídios. Já é lugar comum dizer: não somos guerreiras, estamos sobrecarregadas. E na maior parte das vezes, não temos escolhas. É sobrevivência. O suicidio é o ilusório ato de coragem em situações extremas. 

        Mas a peça também nos indica caminhos. O ator em cena liga pra sua psicóloga quando se percebe o auge da tristeza; nos informa sobre o CVV (Centro de Valorização da vida) e qual número ligar para pedir ajuda (188) e diz que tudo bem, todo mundo algum dia já se sentiu assim. Um apoio seguro para continuar assistindo a peça sem grandes gatilhos (será? ) 

    O didatismo também está no convite ao jogo teatral. Desde o começo da peça até o final o ator nos conta como jogar com ele o jogo teatral: papéis para serem lidos e personagens para serem interpretados são distribuídos ao longo da peça. Estamos o tempo todo em estado de jogo. Que maravilha! Fizemos teatro todes juntes. E por isso foi tão emocionante quando toda a plateia cantou junto “Meu coração, não sei porque bate feliz quando te vê…” . Que momento único! E, nos conduzindo entre esse emaranhado de emoções e reflexões, sem querer e sem prever, comecei a  produzir mentalmente uma listagem particular com todas as coisas maravilhosas do mundo. Número 1: A Cor Amarela.



SINOPSE

Aos seis anos de idade, um menino descobre que sua mãe sofre de depressão. A partir daí, ele começa a escrever listas de todas as coisas maravilhosas que podem fazê-la recuperar a vontade de viver e as deixa em locais estratégicos, para que ela encontre e redescubra "motivos" para continuar viva.  

FICHA TÉCNICA

Ator: Kiko Mascarenhas 

Autor: Duncan Macmillan e Joe Donahue 

Tradução e adaptação:  Diego Teza 

Direção: Fernando Philbert 

Preparação de Ator: Ana Luiza Folly 

Iluminador: Vilmar Olos 

Figurinista: Tereza Nabuco 

Concepção Cenográfica e Adereços: Luciane Nicolino e Mauro Vicente Ferreira 

Direção de Arte: Luciane Nicolino 

Programação Visual / Design Gráfico: Vento Estúdio 

Fotos Arte e Vídeos: Gab Lara 

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany 

Operador luz / som / direção de palco: Daniel Marques 

Administração SP: Vicente Conde 

Direção de Produção: Cristiana Lara Resende 

Coprodução: Ufa! Produções Artísticas Ltda 

Produção e Realização: KM ProCult 

 SERVIÇOS

Gênero: Comédia dramática

Duração: 70 minutos

Classificação: 12 anos

Local: Teatro Tucarena - Teatro da PUC de SP

Entrada pela Rua Bartira, S/N (Esquina com a Rua Monte Alegre 1024)

Capacidade:  288 lugares

VENDAS

Internet: Sympla

Bilheteria: De terça a sábado das 14h às 20h e domingo das 14h às 18h.



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