A Espectadora

  Rodrigo França nos convida a adentrar um território pulsante, onde Shakespeare encontra a ancestralidade negra e a luta por justiça. Em cena, sua presença é inegável, uma força que mistura verbo, corpo e melodia, criando momentos que nos atravessam como ventos que carregam histórias e memórias. É impossível não ser tocada pela densidade de sua interpretação, que transborda paixão e propósito. Foto: Márcio Farias  Ainda assim, o espetáculo parece se debater com as próprias escolhas estéticas. A cenografia, embora carregada de intenção, se perde como um labirinto sem centro. A iluminação, vibrante e excessivamente colorida, tenta traduzir nuances, mas acaba criando um mosaico que dispersa em vez de guiar. O resultado é um cenário que, por vezes, se torna mais um obstáculo do que um aliado à narrativa. No entanto, há algo de poderoso na costura entre o clássico e o contemporâneo. A seleção dos trechos de Hamlet dialoga diretamente com os dilemas da atualidade, evidenciando com...